Médicos dizem que é hora de nos tornarmos veganos

Por Naomi Hallum

Por compaixão, saúde ou administração dos recursos naturais, eliminar os animais de nossos pratos tem mais poder do que qualquer outra atitude.

– Neal Barnard, médico

Comitê de Médicos pela Medicina Responsável

A maior parte das pessoas já entendeu, há muito tempo, que frutas e vegetais fazem bem para a saúde, enquanto doces e hambúrgueres nem tanto. Porém, a dúvida que fica é: por que alguns alimentos são bons e outros ruins para os seres humanos?

Quando eu era criança, me ensinaram que balas e fast food não eram saudáveis, pois apodreceriam meus dentes e me deixariam gorda. Por conta disso, essa era a minha única preocupação em relação à saúde. Certamente, eu não era única a pensar assim! Era algo que eu podia controlar só de me olhar no espelho e isso só se tornava um problema de fato quando eu não conseguia mais entrar nas minhas calças.

Naquela época, tirar a gordura do bacon ou comer uma maçã ao invés de doce me fazia achar que eu entendia sobre hábitos saudáveis. Carne, queijo e ovos me forneciam proteínas e cálcio e estava tudo certo. Pelo menos, é o que eu achava!.

Eu não sabia que carne, queijo e ovos escondiam gorduras saturadas, gorduras trans e altos níveis de colesterol. Eu consumia esses alimentos com frequência, aumentando o risco de eu ter doenças graves, como aterosclerose e doenças cardiovasculares. Eu não sabia de nada disso! Quando temos muito colesterol no sangue, forma-se uma placa ao longo das paredes das artérias, limitando o fluxo sanguíneo para o coração e aumentando o risco de ataque cardíaco, doença arterial periférica (DAP) e acidente vascular cerebral (AVC).

Médicos e nutricionistas estão identificando, cada vez mais, os efeitos negativos da gordura saturada em excesso e do mau colesterol. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil. Trata-se, na verdade, de uma realidade mundial.

A boa notícia é que, graças a décadas de pesquisa, como as conduzidas pelos médicos Dean Ornish (Preventative Medicine Research Institute) e Caldwell B. Esselstyn (Cleveland Clinic), existem agora provas científicas suficientes associando alimentação e doenças cardiovasculares. Eles descobriram que, muitas vezes, receitar remédios aos pacientes propensos a ter esse tipo de problema não é a melhor opção. Então, o que eles indicam?

Vegetais, legumes frutas…!  

Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York consideraram que a dieta vegana é melhor em comparação com a dieta não vegana recomendada pela American Heart Association (AHA), a qual permite quantidades limitadas de carne magra, ovos e leite magro, juntamente com muitas frutas e vegetais. A dieta vegana, por outro lado, exclui todos os alimentos de origem animal, como carne, peixe, ovos e laticínios.

Durante o estudo, quem seguiu a dieta vegana teve uma queda de 20% nas concentrações de proteína C reativa de alta sensibilidade (hsCRP) – um marcador importante para inflamação crônica – em relação às pessoas que seguiram a dieta AHA. A pesquisa mostrou que a alimentação à base de alimentos vegetais oferece diversos benefícios.

E tem mais!

Uma dieta que exclui ovos, carne, laticínios e rica em alimentos vegetais pode não só reduzir as chances de se ter doenças potencialmente fatais, como também reverter e até mesmo eliminar os sintomas de doenças crônicas pré-existentes.

Uma série de instituições acadêmicas renomadas – como o Preventative Medicine Research Institute (PMRI), da Universidade da Califórnia, e o Center for Nutritional Studies (CNS), da Universidade de Cornell – descobriram que mudanças na dieta e no estilo de vida podem tratar e reverter doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas.

Estas pesquisas mostram que a alimentação à base de vegetais – rica em frutas e cereais – inibe alguns tipos de câncer, doença de Alzheimer, doença de Crohn, depressão, diabetes tipo 2, doença renal, apneia do sono e até mesmo alergias. Os médicos que tratam pacientes com diabetes tipo 1 descobriram também que a maioria das pessoas pode reduzir a quantidade de medicamentos por meio de hábitos alimentares veganos.

Existe ainda o caso de pessoas que têm doenças recorrentes na família. Isso as leva a achar que a alimentação não fará diferença em suas vidas, já que estão predispostas a ter doenças hereditárias de qualquer forma. No entanto, isso está errado!

Considerada a pesquisa mais abrangente de saúde e nutrição já realizada, “The China Study” –  uma parceria de 20 anos entre a Universidade de Cornell, a Universidade de Oxford e a Academia Chinesa de Medicina Preventiva – mostra que o alto valor biológico das proteínas animais (leite, carne e ovos) aumenta os casos de câncer. Além disso, revelou evidências suficientes para defender que a caseína, uma proteína encontrada apenas no leite de mamíferos, é o principal agente cancerígeno existente na alimentação dos humanos.

Décadas de pesquisa do T. Colin Campbell, da The Angiogenesis Foundation, e da PMRI também descobriram que, embora as proteínas animais estimulem os genes do câncer, uma dieta completa à base de vegetais pode alterar a expressão genética em mais de 500 genes, “ligando” genes que protegem contra doenças e “desligando” genes que promovem câncer de mama e próstata, além de inflamação e estresse.

Em resumo, podemos controlar os nossos genes por meio das escolhas alimentares.

No final de 2016, a American Academy of Nutrition and Dietetics declarou:

“…uma dieta vegana ou vegetariana bem planejada é saudável e nutricionalmente adequada em todas as fases da vida (amamentação, gravidez, infância, adolescência) e ideal para atletas, podendo contribuir para a prevenção e o tratamento de certos tipos de doenças.”

Talvez seja por isso que cada vez mais médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde estejam confiantes sobre a eficácia de uma dieta 100% vegetal. O intuito é prevenir, tratar e curar doenças crônicas.

Hipócrates acertou na mosca quando disse: “Que o alimento seja o teu remédio e que o remédio seja o teu alimento!”


Naomi Hallum é a gerente de campanha da Million Dollar Vegan nos EUA. Ela é especialista em marketing e eventos com experiência em nutrição baseada em plantas. Ela se tornou vegana depois de assistir ao documentário Cowspiracy e organizou a primeira conferência de saúde baseada em plantas da Virgínia em 2018.

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