O impacto ambiental da aquacultura

Por Katrina Fox

A pesca predatória tem sido catastrófica.

As pescarias industriais, que utilizam grandes máquinas comerciais para a pesca de arrasto no leito do oceano, afetam outros milhões de animais marinhos, como baleias, golfinhos e tartarugas. Eles ficam presos e morrem nas redes nesse fenômeno conhecido como “fauna acompanhante”. Espécies como golfinho de Maui e Baleia-franca-do-atlântico-norte estão sendo levadas à beira da extinção.

Essas práticas agressivas de pesca estão acabando com as vidas de nossos oceanos em um ritmo alarmante. Um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, de 2016, mostrou que cerca de 90% das reservas mundiais de peixe são total ou excessivamente exploradas e, de acordo com um levantamento de 2017 da Science, os frutos do mar podem desaparecer completamente até 2048.

Agora que a pesca comercial praticamente esvaziou nossos oceanos de peixes selvagens, a indústria de mariscos tem investido na criação de peixes em viveiros – um processo conhecido como aquacultura. Esses viveiros cultivam milhões de peixes em tanques-rede instalados em águas costeiras.

O confinamento de tantos peixes em áreas pequenas desencadeia uma série de riscos para o meio ambiente e para a saúde.

Vamos começar pela contaminação fecal. A quantidade expressiva de fezes produzida pelos peixes nesses viveiros prejudica o equilíbrio natural do ecossistema aquático. Em alguns casos, a grande quantidade de excrementos que se instala abaixo dos tanques causa o apodrecimento do fundo do oceano.

E é aí onde entram as infecções. Ter tantos peixes nesses viveiros significa que eles estão propensos a doenças. Na Escócia, por exemplo, os piolhos infestam quase metade do salmão encurralado nessas prisões do mar.

Cada vez mais, produtos químicos e antibióticos estão sendo usados em viveiros de peixes para tentar (sem sucesso) controlar a propagação de doenças infecciosas. Carcaças de peixes mortos e restos de comida contaminados com antibióticos – além de serem grandes ameaças à saúde humana – poluem as áreas costeiras que cercam esses viveiros.

A criação de camarões, por exemplo, – além de frequentemente envolver trabalho escravo – resultou na perda de cerca de 3 milhões de hectares de importantes zonas úmidas no litoral, incluindo manguezais. E o antigo santuário de Kolleru, na Índia – um dos maiores lagos de água doce da Ásia e fonte de água potável para várias aldeias da ilha – foi poluído com pesticidas e produtos químicos devido à produção, em larga escala, de camarão para exportação.

A ironia é que, embora a aquacultura tenha sido projetada para combater o problema da pesca predatória, ela, na verdade, contribui para o problema. Isso porque os peixes capturados e aprisionados nesses viveiros são alimentados com seus amigos, primos e outros parentes capturados. É um círculo vicioso e completamente insustentável.

Então, o que você pode fazer?

A melhor forma de parar a destruição ambiental causada pela aquacultura é parar de comer peixes e outros animais marinhos.

Mas, não se preocupe! Você ainda pode saborear frutos do mar – de um jeitinho vegano!

No Brasil, há algumas marcas de produtos congelados que vendem “peixes” veganos. Além disso, caso você esteja a fim de cozinhar, o EscolhaVeg fez uma lista com 14 receitas veganas deliciosas para fazer você esquecer os frutos do mar.

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Nota

Aquacultura – refere-se, basicamente, a criação de peixes em viveiros – representa uma série de riscos para a saúde e para o ambiente. Enquanto isso, o trabalho escravo, que é particularmente expressivo na indústria do camarão, apresenta problemas éticos, assim como a questão da crueldade contra os animais, algo frequentemente negligenciado quando se trata de criaturas marinhas. Evidências científicas descobriram que os peixes são sencientes e sentem tanto dor física quanto emocional, assim como caranguejos, lagostas e outros crustáceos.

Katrina Fox é jornalista e consultora de relações públicas e já escreveu para uma grande lista de meios de comunicação impressos e on-line no Reino Unido, nos EUA e na Austrália. Vegana há 21 anos, é a fundadora do VeganBusinessMedia.com, que fornece recursos, consultoria e formação para empreendedores, autores e criativos veganos. Nascida no Reino Unido, Katrina hoje mora em Sydney e é a coordenadora da Million Dollar Vegan na Austrália.

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